26 fevereiro 2009

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa (1888 – 1935) é um dos mais proeminentes poetas do século XX e um dos nomes maiores de sempre na literatura portuguesa a par de Camões, ou mesmo ultrapassando-o. Ele é o mais português e o mais universal dos nossos poetas. Amplamente divulgado e estudado, traduzido em todo o mundo, objecto de culto elevado à escala de um grande mito, recebido apaixonadamente pelo público, integrado no programa escolar português, a sua obra é de uma emotividade, sensibilidade e universalidade tocantes.
Sendo hoje considerado um dos nossos maiores poetas de sempre, ombreando com os nomes cimeiros da literatura mundial do século XX.
Fernando Pessoa tornou-se um caso único de popularidade. A explicação desse fenómeno reside não só na qualidade da sua produção literária, nas inovações formais e temáticas da escrita, no estilo moderno e original, como também no facto de ter-se desdobrado em vários, adoptando diferentes estilos e abordando diferentes assuntos capazes de agradarem a um público heterogéneo que se revê sempre nalgum dos seus escritos, o que suscita a cumplicidade e logo o interesse e a atracção.
Os heterónimos, sendo Pessoa, retiram-lhe por assim dizer a responsabilidade do impacto da sua escrita provocatória e protegem simultaneamente o perfil discreto que sempre conservou, o que torna a sua vida e o seu pensamento um enigma que, apesar de serem objecto de interpretação constante de numerosos estudiosos portugueses e estrangeiros, ainda hoje permanecem por decifrar completamente. Os heterónimos são personalidades satélites da sua, máscaras nas quais se esconde.

Acerca dos seus heterónimos diz: “Pus no Caeiro todo o meu poder de despersonalização dramática, pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental, vestida de música que lhe é própria, pus em Álvaro de Campos toda a emoção que não dou nem a mim, nem à vida."

citação: "Quando estou só, reconheço que existo entre outros que são como eu sós."

24 fevereiro 2009

essência

A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
Alberto Caeiro (F. P.)

18 fevereiro 2009

Ser...

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes."
Ricardo Reis (F. P.)

14 fevereiro 2009

to be or not to be...

"Ouvir as horas dizer-nos que existimos com um sorriso deliciado e incrédulo. Ver o Tempo pintar o mundo e achar o quadro não só falso mas vão.
Pensar em frases que se contradigam, falando alto em sons que não são sons e cores que não são cores. Dizer – e compreendê-lo, o que é aliás impossível – que temos consciência de não ter consciência, e que não somos o que somos. Explicar isto tudo por um sentido oculto e paradoxo que as coisas tenham no seu aspecto outro-lado e divino, e não acreditar demasiado na explicação para que não hajamos de a abandonar.
Esculpir em silêncio nulo todos os nossos sonhos de falar. Estagnar em torpor todos os nossos pensamentos de acção
."
Livro do Desassossego - Bernardo Soares (F. P.)

09 fevereiro 2009

A música, o luar e os sonhos...

"A música, o luar e os sonhos são as minhas armas mágicas. Mas por música não deve entender-se só aquela que se toca, se não também aquela que fica eternamente por tocar. Por luar, ainda, não se deve supor que se fala só do que vem da lua e faz as árvores grandes perfis; há outro luar, que o mesmo sol não exclui, e obscurece em pleno dia o que as coisas fingem ser. Só os sonhos são sempre o que são. É o lado de nós em que nascemos e em que somos sempre naturais e nossos."
Fernando Pessoa
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01 fevereiro 2009

Eu...

(Pablo Picasso)

"Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada –
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser... "

Álvaro de Campos (F. P.)
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