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17 abril 2012

Fernando Pessoa - Plural como o Universo

Exposição dedicada ao autor da frase "Minha Pátria é a língua portuguesa.", Fernando Pessoa na companhia das suas múltiplas facetas.


"Pessoa não é um poeta que apenas agrada, que desperta interesse ou curiosidade; também incomoda e fascina, como um polvo de mil tentáculos, "plural como o universo", que se agarra à sensibilidade do leitor, e este não consegue, nem quer desenvencilhar-se. E todos acabam por perceber, ou ao menos intuir, que a instigante ficção dos heterónimos revela a realidade que nos constitui, hoje, para além de toda a ilusão, com mais lucidez do que o divâ do psicanalista, o confessionário, a autoanálise ou qualquer outro caminho que busquemos, no encalço do autoconhecimento e do conhecimento do mundo." É desta forma que ele é referenciado nesta exposição.

E, assim, lá estive deliciando-me com palavras de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernando Soares, ...

"Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei,
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?"
Álvaro de Campos

26 fevereiro 2011

(Pablo Picasso)

"Há uma cor que me persegue e que eu odeio,
Há uma cor que se insinua no meu medo.
Porque é que as cores têm força
De persistir na nossa alma,
 Como  fantasmas?
Há uma cor que me persegue e hora a hora
A sua cor se torna a cor que é a minha alma."
Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
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03 fevereiro 2011

Juan Gris

"Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo."
Fernando Pessoa
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23 janeiro 2011

(Auguste Rodin)

"Desmaiei um bocado da minha vida. Volto a mim sem memória do que tenho sido, e a do que fui sofre de ter sido interrompida. Há em mim uma noção confusa de um intervalo incógnito, um esforço fútil da parte da memória para querer encontrar a outra. Não consigo reatar-me. Se tenho vivido, esqueci-me de o saber." 

in "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
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08 janeiro 2011

(Madonna de Boticelli)

"O ar é de um amarelo escondido, como um amarelo-pálido visto através de um branco sujo. Mal há amarelo no ar acizentado. A palidez do cinzento, porém, tem um amarelo na sua tristeza."
Bernardo Soares (Fernando Pessoa)

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18 fevereiro 2010

"Viver do sonho e para o sonho, desmanchando o Universo e recompondo-o, distraidamente confere mais apego ao nosso momento de sonhar. Fazer isto consciente, muito conscientemente, da inutilidade e … de o fazer. Ignorar a vida com todo o corpo, perder-se da realidade com todos os sentidos, abdicar do amor com toda a alma. Encher de areia vã os cântaros da nossa ida à fonte e despejá-los para os tornar a encher e despejar, futilissimamente.
Tecer grinaldas para, logo que acabadas, as desmanchar totalmente e minuciosamente.
Pegar em tintas e misturá-las na paleta sem tela ante nós onde pintar.
Mandar vir pedra para burilar sem ter buril nem ser escultor. Fazer de tudo um absurdo e requintar para fúteis todas as nossas estéreis horas. Jogar às escondidas com a nossa consciência de viver.
Ouvir as horas dizer-nos que existimos com um sorriso deliciado e incrédulo. Ver o Tempo pintar o mundo e achar o quadro não só falso mas vão.
Pensar em frases que se contradigam, falando alto em sons que não são sons e cores que não são cores. ..."

in Livro do Desassossego de Bernardo Soares (F.P.)

08 janeiro 2010

"Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
...
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã..."
Álvaro de Campos (F.P.)

20 dezembro 2009

Specially for ...

" O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo..."
Alberto Caeiro (F. P.)

Especialmente para a X. com um grande beijinho de Parabéns!

10 dezembro 2009

Palavras de Fernando Pessoa


"Um sistema não é uma cabeça; um móvel não é gente. Todos os processos e todos os aparelhos resultarão elementos inúteis de organização se as cabeças dos indivíduos que os empregam não estiverem organizadas também. E essas cabeças estarão organizadas se estiver organizada devidamente a mesma parte do corpo do chefe que os dirige. Assim como se podem escrever asneiras com uma máquina de escrever do último modelo, se podem fazer disparates com os sistemas e os aparelhos mais perfeitos para ajudar a não fazê-los. Sistemas, processos, móveis, máquinas, aparelhos são - como todas as coisas mecânicas e materiais - elementos puramente auxiliares. O verdadeiro processo é pensar: a máquina fundamental é a inteligência. "
in "Palavras de Fernando Pessoa"

13 novembro 2009

"Se recordo quem fui, outrem me vejo,
E o passado é o presente na lembrança.
Quem fui é alguém que amo
Porém somente em sonho.
E a saudade que me aflige a mente
Não é de mim nem do passado visto,
Senão de quem habito
Por trás dos olhos cegos.
Nada, senão o instante, me conhece.
Minha mesma lembrança é nada, e sinto
Que quem sou e quem fui
São sonhos diferentes."
Ricardo Reis (F. P.)

18 setembro 2009

"Senti-me inquieto já. De repente, o silêncio deixara de respirar."
Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
mix (imagem+texto) by Moonshine

18 junho 2009


"Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar.
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu..."

Álvaro de Campos

24 maio 2009

"O Universo não é uma ideia minha.
A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha."
Alberto Caeiro
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08 maio 2009

34

«Mas isso a que V. chama poesia é que é tudo. Nem é poesia: é ver. Essa gente materialista é cega. V. diz que eles dizem que o espaço é infinito. Onde é que eles viram isso no espaço?»
E eu, desnorteado. «Mas V. não concebe o espaço como infinito? Você não pode conceber o espaço como infinito?»
«Não concebo nada como infinito. Como é que eu hei-de conceber qualquer coisa como infinito?»
«Homem», disse eu, «suponha um espaço. Para além desse espaço há mais espaço, para além desse mais, e depois mais, e mais, e mais... Não acaba...»
«Porquê?» disse o meu mestre Caeiro.
Fiquei num terramoto mental. «Suponha que acaba», gritei. «O que há depois?»
«Se acaba, depois não há nada», respondeu.
Este género de argumentação, cumulativamente infantil e feminina, e portanto irresponsável, atou-me o cérebro durante uns momentos.
«Mas V. concebe isso?» deixei cair por fim.
«Se concebo o quê? Uma coisa ter limites? Pudera! O que não tem limites não existe. Existir é haver outra coisa qualquer e portanto cada coisa ser limitada. O que é que custa conceber que uma coisa é uma coisa, e não está sempre a ser uma outra coisa que está mais adiante?»
Nessa altura senti carnalmente que estava discutindo, não com outro homem, mas com outro universo. Fiz uma última tentativa, um desvio que me obriguei a sentir legítimo.
«Olhe, Caeiro... Considere os números... Onde é que acabam os números? Tomemos qualquer número — 34, por exemplo. Para além dele temos 35, 36, 37, 38, e assim sem poder parar. Não há número grande que não haja um número maior. . .»
«Mas isso são só números», protestou o meu mestre Caeiro.
E depois acrescentou, olhando-me com uma formidável infância:
«O que é o 34 na realidade?»

(Álvaro de Campos recordando episódios da vida de Caeiro)

21 março 2009

Dia Mundial da Poesia




"Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.

Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento ..."

Alberto Caeiro

14 março 2009

Livro do Desassossego

"Não sei o que é o tempo. Não sei qual verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora. A das emoções sei também que é falsa: divide, não o tempo, mas a sensação dele. A dos sonhos é errada; neles roçamos o tempo, uma vez prolongadamente, outra vez depressa, e o que vivemos é apressado ou lento conforme qualquer coisa do decorrer cuja natureza ignoro.
Julgo, às vezes, que tudo é falso, e que o tempo não é mais do que uma moldura para enquadrar o que lhe é estranho."

in "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares

07 março 2009

Bernardo Soares


Autor de "Livro do Desassossego"

(semi-heterónimo de Fernando Pessoa)

Não sendo a personalidade de Fernando Pessoa quase com ela se confunde, constituindo assim nas palavras do poeta uma simples mutilação dela: “Sou eu menos o racional e a afectividade”.

citação: "A vida é uma hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida há um ponto final."

Alberto Caeiro


o poeta filósofo ou o poeta das sensações
(heterónimo de Fernando Pessoa)
citação:
"Passo e fico, como o Universo."

06 março 2009

Ricardo Reis


o poeta neoclássico

(heterónimo de Fernando Pessoa)


citação:
"Quem sou e os que fui são sonhos diferentes"

Álvaro de Campos

o poeta modernista

(heterónimo de Fernando Pessoa)

citação:
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
Áparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."