28 março 2009

Sophia Breyner

"Sofia de Mello Breyner Andresen surge (...) como alguém que não quis fazer versos; mas que precisou de dizer as visões maravilhosas que trazia, o entendimento misterioso do universo que nela cantava num ritmo intenso.
E por isso, e como qualidade que por vezes se transformará em defeito formal, a sua poesia é duma pureza inexcedível. Não tem problemas verdadeiros ou falsos, não tem teorias, não tem gestos inúteis. É somente uma intenção, uma revelação de beleza. Sofia Andresen escreve o seu mundo e o mundo que lhe entrou pelos olhos extasiados, tudo fundido naquele ritmo de música e dança, de harmonia clara que é para ela uma exigência e um estilo. (...)
Sofia Andresen fala de si - toda a poesia é eminentemente pessoal – com um pudor feito de respeito pelas coisas; ela própria é como o mundo, na estranha agitação que o debate e anima, no sonho de beleza que a seduz.
O mundo, o mundo verdadeiro que não é o dos homens (...) mas sim o do mar, da noite, do sol e dos jardins, ergue-se para ela como limite e símbolo de toda a sua vida. (...)
A poesia de Sofia Andresen não é uma poesia paisagística ou descritiva. Pelo contrário as coisas nunca são «reais» mas sempre transpostas para um mundo de símbolos, penetrado de claridade e de beleza, porque nele se reflecte «a verdadeira face das imagens». (...)Porém, há qualquer coisa de inexprimível, de inexplicável na poesia de Sophia Andresen. De tal maneira a sua poesia é autêntica, liberta de atitudes mentais ou de sentimentos vulgares, que é dolorosamente pessoal. É verdadeiramente a expressão de um ser."
Francisco de Sousa Tavares
-----
citação: “Mar, metade da minha alma é feita de maresia."

Sem comentários:

Enviar um comentário