03 junho 2009

Sonetos


“Quis Deus dar-me o condão de ser sensível
Como o diamante à luz que o alumia,
Dar-me uma alma fantástica, impossível:
- Um bailado de cor e fantasia!

Quis fazer de ti a ambrósia
Desta paixão estranha, ardente, incrível
Erguer em mim o facho inextinguível,
Como um cinzel vincando uma agonia!

Quis Deus fazer-me tua… para nada!
-Vãos, os meus braços de crucificada,
Inúteis esses beijos que te dei!

Anda! Caminha! Aonde! Mas por onde?...
Se a um gesto dos teus a sombra esconde
O caminho de estrelas que tracei …”

in "Sonetos" de Florbela Espanca

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