"- Acho que deve ser difícil seguir uma receita.
- Por vezes é, mas ser chef é muito mais do que combinar ingredientes.
- Ai sim? Como?
Bruno hesitou. – É como a diferença entre um pianista e um compositor – disse ele, hesitante. – O pianista é criativo, claro, mas não passa do porta-voz da pessoa que sonhou com as melodias e lhes deu vida. Ser cozinheiro é como ser pianista… um intérprete das ideias de outras pessoas. Mas para ser um chef é preciso ser também compositor. Por exemplo, as receitas que vais provar esta noite são pratos tradicionais da antiga Roma… mas se nos limitar-mos a recriar o passado, sem tentar acrescentar-lhes nada, ele deixa de ser uma tradição viva para se tornar História, uma coisa morta. Estes pratos foram aperfeiçoados ao longo dos séculos porque as pessoas experimentaram coisas diferentes, combinações diferentes, rejeitando o que não resultava e adoptando e transmitindo o que resultava. É portanto uma obrigação que temos para com os chefs do passado continuar a fazer o que eles fizeram, a experimentar, mesmo quando estamos a lidar com as tradições sagradas."
in "Receitas de Amor" de Anthony Capella
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