23 fevereiro 2012

Os Pilares da Terra

"O coração de Philip teve um sobressalto. Como era possível que a sua igreja estivesse a arder?
Decidiu entrar. A princípio, o cenário confundiu-o. No chão da igreja, em volta do altar e do transepto sul, viam-se enormes pedaços de madeira a arder. Donde teriam eles vindo? Como é que podiam libertar tanto fumo? E que ruído estrondoso era aquele que parecia um incêndio de muito maiores proporções?
Cuthbert gritou: - Olhai lá para cima!
Philip olhou, e as suas perguntas encontraram resposta. O tecto estava a arder encarniçadamente. Ficou a olhar fixamente para o alto, horrorizado: fazia lembrar o avesso do inferno. A maior parte do tecto pintado já desaparecera, deixando à mostra os triângulos de madeira do telhado, escurecidos e incandescentes, as labaredas e o fumo a saltar e a revolutear numa dança demoníaca. Philip ficou quieto, paralisado pelo choque, até lhe começar a doer o pescoço de ter a cabeça empertigada; e só então conseguiu recobrar a presença de espírito.
Correu para o meio da intersecção, postou-se diante do altar e olhou em redor da igreja. Todo o tecto estava em chamas, desde a porta ocidental até à ala oriental, percorrendo ambos os transeptos duma ponta à outra. Durante um instante de pânico, pensou: “Como é que vamos fazer para levar a água lá para cima?” Imaginou uma fila de monges a correrem pela galeria armados de baldes, e de imediato constatou que seria impossível: ainda que dispusesse duma centena de pessoas para aquela tarefa, nem assim seriam capazes de transportar para o telhado água que bastasse para apagar aquele inferno de chamas."

in "Os Pilares da Terra" vol I de Ken Follett

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