Bruxelas, Bélgica
Catedral de Saint Michel e Sainte Gudule 
Jardim Botânico
Jardim Botânico
"O Universo é uma harmonia de contrários"
"Vive o instante que passa. Vive-o intensamente até à última gota de sangue. É um instante banal, nada há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. E no entanto ele é o único por ser irrepetível e isso o distingue de qualquer outro. Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que ele não seja pois em vão no dar-se-te todo a ti. Olha o sol difícil entre as nuvens, respira à profundidade de ti, ouve o vento. Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica. E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí. E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. Assim o dom estúpido e miraculoso da vida não será a estupidez maior de o não teres cumprido integralmente, de o teres desperdiçado numa vida que terá fim."
“O silêncio. Um manto opaco de silêncio percorreu o horizonte plano e abateu-se sobre o cientista imobilizado naquela planície agora quieta. Era o som mais marcante da Antártida. O silêncio. Um silêncio tão grande, tão profundo, tão vazio que parecia zumbir-lhe aos ouvidos. Não se ouvia uma ave, uma voz, um som. Apenas nada. Por vezes o vento levantava-se e rumorejava baixinho, mas logo se deitava e voltava o silêncio. Aguardou mais uns instantes. Nada. Do nada emergiu então um ruído ténue, vibrante, ritmado. Bump-bump, bump-bump, bump-bump. Era o coração que lhe batia no peito. Quando o escutou, Dawson soube que tinha reencontrado o equilíbrio.”
"A mão de Kees, metida numa algibeira, encontrou por acaso uma pequena agenda encadernada em marroquim vermelho, dourada no topo das folhas, que ele comprara por um florim afim de aí anotar as suas partidas de xadrez mais difíceis. O gesto nada tinha de extraordinário. Kees estava absolutamente inactivo. Na agenda, ainda só havia duas partidas anotadas, ou seja, duas páginas cobertas de sinais convencionais. Então aconteceu que ele pegou no lápis metido na encadernação e escreveu:
Livro ganha asas e organiza o seu próprio roteiro :-O
"Imaginem um mundo em que as pessoas não vivem mais de um dia. Das duas, uma: ou o ritmo das pulsações e da respiração é acelerado de modo a permitir que uma vida inteira seja comprimida até caber no espaço de uma volta completa da terra em torno do seu eixo, ou a rotação da terra é reduzida a uma velocidade tão baixa que uma volta completa corresponda à totalidade de uma vida humana. Qualquer das hipóteses é válida. Em qualquer dos casos, um homem ou uma mulher assistem apenas a um nascer e a um pôr do Sol."
 «Mas isso a que V. chama poesia é que é tudo. Nem é poesia: é ver. Essa gente materialista é cega. V. diz que eles dizem que o espaço é infinito. Onde é que eles viram isso no espaço?»