"Gerações de Flores tinham-se sentado como eles, naquela mesma varanda, em noites assim. Diogo pensava nisso, enquanto acendia com um longo fósforo o seu Partagas, comprado na Havaneza, no Chiado. Pedro só fumava ocasionalmente cigarros, que agora eram moda mesmo entre as mulheres. Mas bebia, gole a gole, a sua aguardente de zimbro, e também ele convocava a memória dos antepassados, ali, na varanda, ao lado do irmão, numa noite de lua quase cheia, com o calor do dia finalmente sepultado à sombra das azinheiras e o fantástico concerto das rãs na charca celebrando essa mágica hora de tréguas.
E, pela centésima vez na sua vida, Diogo pensou na incrível , inexplicável, magia daquele lugar."
in "Rio das Flores" de Miguel Sousa Tavares
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